Richard David Court nasceu no dia 6 de março de 1952, em
Beckenham, condado de Kent, sul da Inglaterra. Filho de pai militar morou em
vários países, como Quênia, Dinamarca, Itália, Alemanha, Iêmen do Sul e
Escócia.
Embrenhou-se na música cantando no coral de uma igreja na
Alemanha. Foi interno na Tormore School e Sherborne School para, alguns anos
depois, ingressar no curso de literatura inglesa na Universidade de Oxford. Com
20 anos, abandonou os estudos para tocar flauta na banda londrina Everyone Involved,
com quem gravou o LP-protesto Either/Or junto com outras bandas que contestavam
a construção de um viaduto sobre Picadilly Circus, em West End. O LP foi
distribuído gratuitamente. Durante as gravações desse disco Ritchie foi
apresentado a um grupo de brasileiros pelo guitarrista Mike Klein. Entre eles
estavam Lucinha Turnbull, Rita Lee e Liminha, estes dois últimos dos Mutantes,
em visita à capital inglesa para comprar instrumentos. Ficaram amigos e o
convite para conhecer o Brasil foi feito.
No final de 1972, Ritchie desembarcou em São Paulo, onde
formou a banda Scaladácida com o baterista Azael Rodrigues, o guitarrista Fabio
Gasparini e o baixista Sérgio Kaffa. O grupo fez vários shows na cidade e foi
sondado pela gravadora Continental. Mas Ritchie ainda não tinha o visto de
permanência e o contrato não foi assinado. Scaladácida terminou suas atividades
no final de 1973 e Ritchie se mudou para o Rio de Janeiro com sua esposa, a
arquiteta e estilista Leda Zuccarelli.
Na capital fluminense, deu aulas de inglês para músicos como
Egberto Gismonti e Paulo Moura, e integrou o grupo de jazz-rock Soma (Bruce
Henry, baixo; Alírio Lima, percussão; Tomás Improta, piano) como backing vocal
e flautista.
Em 1975, reforça os quadros d’A Barca do Sol, grupo então
composto por Nando Carneiro (violão, guitarra e vocal), Muri Costa (violão,
viola e vocal), Jaques Morelenbaum (celo, violino e vocal), Beto Rezende (viola
e percussão) e Alain Pierre (baixo e percussão).
“Em determinado momento, sugeri que eu cantasse em vez de
tocar flauta e fui prontamente despedido da banda!”, confessou em seu site
oficial.
Ainda em 75, juntou-se à segunda escalação do progressivo
Vímana e assumiu, finalmente, os microfones para cantar em inglês. A banda,
formada por Lobão (bateria), Luiz Simas (teclados), Lulu Santos (guitarra) e
Fernando Gama (baixo), participou da peça musical A Feiticeira, de Marília
Pêra, e fez shows principalmente no Museu de Arte Moderna, no Teatro Galeria e
no Teatro Tereza Rachel, todos no Rio.
“Fomos convidados para fazer um teste no que seria o
primeiro estúdio de 24 canais no Brasil. A fita chegou a ser realizada com um
material que daria um LP, e, posteriormente chegaram a ser fabricadas algumas
cópias de um compacto simples com uma música minha em parceria com o Lulu e o
Ritchie, chamada ‘Zebra’. Garanto a vocês que era patético... mas foi muito
engraçado”, declarou Lobão, que integrou a banda como baterista aos 17 anos.
O compacto, lançado em 1977 pela Som Livre, trazia “Zebra” e
“Masquerade” (esta com letra em inglês, do Ritchie). No ano seguinte, passaram
a tocar como banda de apoio do tecladista suíço Patrick Moraz (Yes, Moody
Blues). Insatisfeito, Lulu deixou a banda para seguir carreira-solo. O Vímana segurou
o fôlego até 1978, quando encerrou os ensaios de uma vez.
Em 1980, Ritchie recebeu o convite de Jim Capaldi, do
Traffic, para regressar a Londres e participar de seu álbum solo, Let the
Thunder Cry, como vocalista e arranjador. No elenco desse disco, figuram o
saxofonista Mel Collins (King Crimson), o percussionista Reebop Kwaku-Baah
(Traffic) e os bateristas Andy Newmark (John Lennon) e Simon Kirke (Free, Bad
Company),
De volta ao Brasil, em 1982, procurou Bernardo Vilhena,
letrista do Vímana, para compor seu primeiro trabalho-solo cantado somente em
português. Liminha, naquele momento produtor da Warner, ajudou a gravar em 4
canais a demo de "Menina Veneno". As vendas do compacto simples
(CBS), lançado em fevereiro de 1983 com "Menina veneno" e "Baby,
meu bem", ultrapassaram as 500 mil cópias, um marco na história do mercado
fonográfico brasileiro.
Porém, o sucesso galopante chegou mesmo com o LP Voo de
Coração (Epic/CBS), em junho de 1983. Um milhão e duzentas mil cópias do álbum
("Menina veneno", "A vida tem dessas coisas",
"Casanova", "Pelo interfone" e a faixa-título) evaporaram
das lojas.
Além de Ritchie (voz, Casio MT40 e flauta), o disco contou
com os músicos Lulu Santos, Liminha e Steve Hackett (guitarras), Lauro Salazar
(piano e sintetizadores), Liminha (baixo), Lobão (bateria), Zé Luis (sax),
Chico Batera (percussão) e a turnê de divulgação do álbum circulou por mais de
140 cidades.
Em 1984, ganhou o Troféu Imprensa na categoria Cantor do
Ano, onde concorria com Roberto Carlos e Tim Maia. Nesse ano, lançou E a Vida
Continua (EPIC/CBS), que manteve a parceria com Bernardo Vilhena (“A Mulher
Invisível”, com Steve Hackett), “Insônia” e “O Homem e a Nuvem”, “Trabalhar é
de lei”, “Mulheres!”, “Só Pra o Vento”(Tema da novela da globo A Gata Comeu de
1985 ) além de novas parcerias com Chris Moore (na faixa, “Gisella”), e os
comparsas Lobão (em “Bad Boy”) e Liminha (em “Bons amigos”), este último
produtor do álbum, além das autorais e a faixa-título.
A partir de 1985, interessou-se pela música eletrônica e à
produção de arquivos MIDI de ritmos brasileiros para uso digital. Nesse ano,
engatou seu terceiro disco solo, Circular, o último pela CBS.
Em 1986, a música “Transas”, de Nico Resende e de Paulinho
Lima, tecladista e empresário de Ritchie, respectivamente, tornou-se tema da
novela Roda de fogo, da TV Globo. O compacto foi premiado com o Troféu Villa
Lobos, por ter sido o mais vendido do ano.
Já em nova gravadora
(Polygram), Ritchie lançou em 1987 o LP Loucura & Mágica, que embalsamou o
sucesso do ano anterior, “Transas”, e promoveu uma curiosa parceria com Cazuza
(“Guerra civil”). No cardápio, “Tudo normal”, “Mentira” e (todas com Bernardo
Vilhena, e a última, com a colaboração de Lauro Salazar), “Forças de dentro”
(Kiko Zambianchi), “Me gusta La rumba” (Paulinho Lima e Torcuato Mariano) e
“Meantime” (novamente co Steve Hackett nas guitarras).
Nos anos seguintes, lançou Pra Ficar Contigo (1988) e Sexto
Sentido (1990), todos pela Polygram, mas o sucesso do primeiro álbum, de 1983,
passou longe desses.
Segundo Ritchie, um dos fatores que explicam sua queda de
popularidade foi o desentendimento que teve com Leleco Barbosa, filho de
Aberlado ‘Chacrinha’ Barbosa, em 1984.
"Não pude fazer um dos shows que os artistas que
apareciam no programa do Chacrinha faziam pelo subúrbio do Rio. O Leleco me
baniu do programa... Senti que eu era carta marcada para sair de cena.
Incomodou muito o fato de um estrangeiro ser eleito cantor do ano. Estavam
começando a falar que o Ritchie vendia mais discos do que o Roberto Carlos. Com
o Plano Collor decidi sair mesmo", declarou ao Jornal da Tarde em 2002.
Mesmo com a carreira-solo pendurada, Ritchie integrou a
banda Tigres de Bengala, ao lado de Cláudio Zoli, Vinícius Cantuária, Mu &
Dadi (A Cor do Som) e Billi Forghieri (Blitz). O combinado lançou um álbum
homônimo em 1993, pela Polygram.
Em 1995, ele cantou juntamente com Paula Toller, da banda
Kid Abelha a música "Como eu quero" no Jazzmania (RJ) durante a turnê
do álbum "Meio Desligado".
Cada vez mais interessado por computadores e menos à vontade
com a indústria musical no país, Ritchie se tornou websound designer e assinou
a criação e a implantação de softwares de áudio em sites como o da Usina do
Som, o do portal international Yahoo!Digital e o da página do poeta Carlos
Drummond de Andrade e o site do Lulu Santos, este último indicado entre os melhores
sites de música pelo iBest em 1997.
No ano de 1999, foi convidado por Thomas Dolby (o artista,
produtor e fundadador da Beatnik Inc.) para desenhar e implementar a
sonorização dos web sites da Yahoo! Digital e Beatnik.
Mas, em 2002, 12 anos após sua última investida solo no
universo fonográfico, Ritchie aceitou o convite do jovem produtor Rafael Ramos
(João Donato, Ultraje a Rigor, Los Hermanos) para fazer um novo álbum.
Ao contrário de outros artistas oitentistas que reapareceram
no início de 2000 com regravações dessa época, Ritchie apostou no ineditismo. O
álbum Auto-fidelidade (Deck Disc) revelou parcerias com Erasmo Carlos, Bernardo
Vilhena, Nelson Motta, Ronaldo Bastos e Alvin L.. São 14 faixas (5 cantadas em
inglês) em que a crença pop do artista se mostrou intacta, apesar da
instrumentação e dos arranjos revelarem a evolução estética pela qual Ritchie
passou.
Em 2005, Ritchie participou do bem sucedido DVD,
"Multishow Anos 80 Ao Vivo", junto de outros artistas da época, e fez
muitos shows Brasil afora com a turma do disco, Leo Jaime, Leoni, Kid Vinil,
Nasi, entre outros.
Em 2008, Ritchie fundou seu próprio selo e gravadora, a
PopSongs, e lançou, em julho de 2009, o CD, DVD e Bluray independente,
"Outra Vez (ao vivo no estúdio)", com regravações de seus maiores
sucessos, além de duas inéditas, a faixa-título, "Outra Vez", em
parceria com Arnaldo Antunes e "Cidade Tatuada", com letra de Fausto
Nilo. "Ritchie - Outra Vez (ao vivo no estúdio)" é o primeiro disco
Blu-ray do artista.
Três anos após seu DVD, comemorando 60 anos de idade e 30 de
carreira solo, Ritchie lançou seu primeiro álbum como interprete intitulado
"60". Nesse disco, o cantor interpreta canções da década de 60, mas
que não ficaram tão conhecidas pelo grande público.
No dia 4 de Janeiro de 2013, Ritchie foi convidado ao
Programa Encontro com Fátima Bernardes.
Discografia
1983 - Voo de
Coração
1984 - E a Vida
Continua
1985 - Circular
1985 - O Melhor de
Ritchie (Coletânea)
1987 - Loucura e
Mágica
1988 - Pra Ficar
Contigo
1990 - Sexto
Sentido
1993 - Tigres de
Bengala
2002 -
Auto-Fidelidade
2005 - Anos 80 -
Multishow, ao vivo.
2008 - Vôo de
Coração - Edição Comemorativa de 25 Anos (CD remasterizado em 2008)
2009 - Outra Vez
(ao vivo no estúdio)
2012 - 60
Videografia
2009 - Outra Vez
(ao vivo no estúdio) (DVD e Blu-ray)
Um comentário:
Embrenhou-se na música cantando no coral de uma igreja na Alemanha!! isso é quase comum em grandes casos se famosos cantores !! sua vida e sua historia é muito intrigante. é algo que fale apena conhecer !
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